Baixada Santista retoma capacitação em adaptação às mudanças climáticas
Fonte: ICLEI NETWORK – O treinamento visa apoiar os agentes locais na compreensão das vulnerabilidades climáticas e no planejamento de ações de adaptação às mudanças climáticas.
A emergência climática é um fenômeno que afeta territórios como um todo e, principalmente, áreas costeiras, que sofrem intensamente com circunstâncias como elevação do nível do mar e mudanças nos regimes de precipitação, gerando eventos extremos de ondas, tempestades e ressacas. Esses eventos contribuem para o aumento da ocorrência de enchentes e deslizamentos de terra e prejudicam diretamente os ecossistemas e a biodiversidade dos territórios, impactando na qualidade de vida da população local.
Com o objetivo de ajudar as cidades da Baixada Santista (SP) a fortalecer a resiliência urbana diante da crise climática, o projeto de capacitação técnica “Adaptação às Mudanças Climáticas com foco em Recursos Hídricos” foi retomado em junho deste ano, iniciativa coordenada pela CETESB – Agência Ambiental do Estado de São Paulo, com apoio do FEHIDRO – Fundo Estadual de Recursos Hídricos, do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista e ICLEI América do Sul.
Iniciado em novembro de 2019, o treinamento tem como objetivo apoiar os agentes públicos e a sociedade civil da região no entendimento das vulnerabilidades climáticas locais e no planejamento de ações de adaptação às mudanças climáticas. Em março do ano seguinte, porém, o projeto foi interrompido devido a um evento climático extremo que atingiu a região, causando enchentes, deslizamentos de terra e mortes. Logo após essa tragédia, a quarentena foi instituída no Estado de São Paulo para combater a pandemia Covid-19. No início de junho de 2021, as atividades de treinamento foram retomadas virtualmente.
Ao longo da capacitação, os participantes foram acompanhados por assessoria técnica no desenvolvimento de projetos e ações passíveis de financiamento e na forma de acessá-los, buscando aumentar a resiliência local e adaptar a região aos impactos das mudanças climáticas.
A assessora da Presidência da CETESB, Maria Emília Botelho, afirma que a capacitação está proporcionando uma busca conjunta de soluções, bem como uma reflexão sobre as vulnerabilidades locais.
“Nos últimos dois anos, as catástrofes e acidentes ocorridos por eventos climáticos extremos mostraram que devemos trabalhar mais nas ações de prevenção. A Baixada Santista está altamente exposta a diversos riscos climáticos e, por ser uma região conurbada, os problemas e soluções são semelhantes, e os impactos agravados pelas mudanças climáticas extrapolam os limites municipais ”, observa Botelho. “O curso é fundamental porque traz a possibilidade de troca de experiências entre municípios e discussão de projetos regionais, deixando clara a interdependência e a necessidade de soluções urgentes.”
Papel do ICLEI
O ICLEI América do Sul é um dos parceiros implementadores do projeto, sendo responsável pela preparação e condução da prática formativa, desenvolvendo exercícios em plataformas interativas a fim de aprimorar o conhecimento dos participantes sobre os temas abordados.
Segundo Liz Lacerda, Coordenadora Regional de Resiliência do ICLEI América do Sul, a oportunidade de construção coletiva promovida por este treinamento atende boa parte dos desafios da região, proporcionando a identificação e o fortalecimento dos órgãos de governança local e regional na apropriação da agenda climática e planos relacionados , programas e projetos em escala regional.
“Uma série de iniciativas e projetos da agenda do clima não atingiram seu potencial máximo devido a fatores como instabilidade institucional, número insuficiente de servidores dedicados à agenda, falta de integração entre portfólios e necessidade de maior especialização nas agendas de adaptação e resiliência . ”, Reflete Lacerda. “A falta de conhecimento sobre o processo de captação e acesso a recursos financeiros para a implementação de medidas preventivas também foi identificada como uma barreira para a implementação de medidas de adaptação.”
A baixada
A Baixada Santista reúne os municípios de Bertioga, Guarujá, Santos, Cubatão, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe e possui cerca de 1,8 milhão de habitantes, além de uma expressiva população flutuante. Destaca-se pela vasta presença da Mata Atlântica, que compõem um sistema ecológico complexo e sensível, e também pela sua importância econômica, com o Parque Industrial de Cubatão e o Porto de Santos, o maior e mais importante complexo portuário do Sul América.
Eliana Ferreira, secretária de Planejamento de Praia Grande, acredita que a formação enriquece o quadro de opções para o enfrentamento dos impactos climáticos, aproximando o tema do cotidiano do território. “As questões climáticas não estão encapsuladas em fronteiras ou limites, e o debate para o alinhamento das medidas regionais é fundamental para alavancar as ações dos municípios.”
Já para Maurício Sanches, servidor da Secretaria de Planejamento de Peruíbe, o treinamento ajuda a uniformizar as visões sobre a necessidade de enfrentar as mudanças climáticas e apresenta possíveis soluções a serem alcançadas com os recursos disponíveis. “É um grande desafio a ser vencido por todos, dado a subida do nível do mar e o escoamento das águas das chuvas. A economia regional é extremamente interdependente e os impactos locais refletem diretamente em vários municípios da região; da mesma forma, as soluções adotadas em um município tendem a ser replicadas com sucesso nos municípios vizinhos.”
Fonte: https://talkofthecities.iclei.org/baixada-santista-resumes-training-in-adapting-to-climate-change/